Na minha infância/adolescência, eu vivia numa pequena aldeia. Naquele aglomerados de casinhas, éramos quase todos da mesma família, as crianças/adolescentes eram primos. Os meus irmãos (que eram mais velhos)  trouxerem um peixe que pescaram, já não me lembro onde. O peixe foi crescendo no nosso tanque. Sempre que os meus pais tinham de limpar o tanque, o peixe era colocado na rua dentro de um alguidar e eu ficava lá a vê-lo,  a tocar-lhe, admirá-lo.  Muitas vezes chamava os meus primos para o verem, e por vezes, no verão  até íamos  para dentro do tanque.

Certo dia, quando cheguei da escola, vi que tinham andado a limpar o tanque e não vi o peixe, pois estava em outro lugar. Estava dentro de um alguidar sem água e com sal. A minha mãe tinha decidido que era o momento de comermos o peixe. Desatei a chorar e a implorar à minha mãe que deixasse o peixe viver. A minha mãe lá concordou, e voltou a colocar o peixe no tanque.

Os anos foram passando e o peixe foi-se tornando cada vez mais amigável, dávamos-lhe pão á boca, fazíamos-lhe festinhas. Sempre que alguém lá ia a casa tinha de ver o peixe.

Morreu de velhice, mas passados já tantos anos (isto foi entre os anos 80/90), eu nunca me esqueci dele, na época não havia a facilidade de fotografar como hoje, por isso só tenho uma única foto.

Será para sempre o peixe do tanque, já que foi sempre chamado de peixe, sem ter tido outro nome!